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As estreitas fronteiras do esporte feminino

Foto: Becky Hammon Oficial Website

No último dia 20 de abril, o comissário da NBA Adam Silver foi entrevistado pela ESPN.

Ao comentar um aumento de salário concedido aos atletas da G-League (a liga de desenvolvimento da NBA), Adam foi perguntado sobre os salários pagos na liga feminina (a WNBA), reconhecidos pela sua modéstia quando comparados aos pagos na NBA.

Adam rebateu dizendo que as jogadoras ganham mais do que os homens da G-League e que salários maiores dependeriam do crescimento do negócio, no caso a WNBA. E colocou duas questões como centrais para que isso acontecesse: o aumento do público da liga e seu rejuvenescimento. Segundo o dirigente, o público fiel da WNBA seria composto por homens mais velhos, o que seria um “problema de marketing” da liga.

Como solução para esses problemas, o comissário apontou para a possibilidade de mudança do calendário da WNBA do verão para o outono-inverno, o que inviabilizaria a participação das atletas da WNBA nas ligas da Europa e Ásia, que pagam salários bem superiores.

As declarações dadas bem no início da pré-temporada da WNBA evidentemente não agradaram. Uma das maiores estrelas atuais da WNBA, Elena Delle Done respondeu imediatamente: “Não somos promovidas como os jogadores da NBA são. Quando você investe milhões de dólares em marketing, o público cria uma conexão com os jogadores. As mulheres mais jovens não nos acompanham porque não nos conhecem. Nunca fomos apresentadas.”

No dia 09 de maio, um colunista do jornal espanhol ABC publicou um texto em que dispara grosserias contra o basquete feminino a partir da experiência pessoal de sua filha com a modalidade. A peça também mereceu reprovações, entre as quais a mais veemente foi a da ex-jogadora Marta Fernández.

Tomei conhecimento dos dois episódios, mas para alguém que acompanha basquete feminino no Brasil há décadas eles pareciam apenas reforçar o eterno preconceito contra o esporte feminino. Infelizmente nada de novo.

Um sopro de mudança me atingiu na última sexta (10 de maio), quando tomei conhecimento da carta que o astro espanhol Pau Gasol, da NBA, publicou no The Player’s Tribune.

É um texto longo e belo, motivado pela possibilidade de que a NBA tenha sua primeira técnica mulher da história: Becky Hammon, ex-jogadora e atual assistente do San Antonio Spurs, time de Pau.

Gasol começa sua carta a partir de um episódio de sua história pessoal: ser filho de um pai enfermeiro e uma mãe médica para apontar com naturalidade as condições para que Becky seja treinadora principal: “Ela tem capacidade de ser técnica em nível de NBA. Ponto.”

As palavras de Gasol são de rara grandiosidade e deixam a esperança de que as estreitas fronteiras do esporte feminino possam ser redefinidas no mundo. E que algum dia esses ventos soprem por aqui.

Bravo, Gasol!

Avante, Becky!







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