História
O apaixonado
Num distante 1997, a brilhante treinadora Maria Helena Cardoso precisava de um reforço estrangeiro para o seu jovem time de basquete: o BCN, de Osasco (SP).
Foi através da internet, uma estranha novidade daqueles tempos, que Maria Helena se interessou pelas estatísticas impressionantes da ala Elena Tornikidou, nascida no Uzbequistão e que cinco anos antes havia sido ouro na Olimpíada de Barcelona (1992) com a camisa da Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Nessa jornada, Elena foi a terceira cestinha, atrás de dois outros mitos da modalidade: Natalia Zasulskaya e Elena Khoudachova.
O achado de Maria Helena na internet deu certo. Tornikidou veio e encantou a todos com um basquete refinado, extremamente técnico, elegante e eficiente. Um assombro.
Junto de Elena veio seu então marido: Nicolas San Jose Garcia, com quem havia se casado em 1993, apaixonada pelo treinador espanhol que lhe pedia indicações de reforços para seu time recém-chegado à elite espanhola.
Nicolas era um apaixonado pelo basquete feminino. Chegou a exercer o ofício de treinador por aqui (no time da Uniban, em São Bernardo). Mas logo se estabeleceu como um dos grandes agentes de jogadoras de basquete no mundo. Extremamente simpático, o espanhol vendia muito bem seus peixes.
Pelas mãos dele uma legião de estrangeiras aportou por aqui e um exército de brasileiras ganhou o mundo.
Certamente Nicolas traduziu bem o também à época recente conceito de “globalização” ao basquete feminino brasileiro.
Esse personagem curioso faleceu na última segunda-feira (23 de abril), vítima de um câncer.