A seleção feminina foi convocada na última sexta-feira (29/06) para a disputa do Sul-Americano.

Trata-se da segunda competição sob o comando do técnico Carlos Lima, que liderou o time na AmeriCup 2017. A decepcionante quarta colocação no torneio resultou na ausência da seleção no Mundial da Espanha.

Para essa nova campanha, Carlos Lima troca de assistente. Sai Bruno Guidorizzi e entra João Camargo, que comandou a boa participação de Blumenau na LBF. Lima estará também livre da presença de Antonio Carlos Barbosa, treinador da seleção nas Olimpíadas de 2016 e que ocupou a função de “gerente esportivo” na AmeriCup.

O que não muda muito é o pouco tempo de treinamento: menos de vinte dias. E mais uma vez o técnico receberá a maior parte das atletas inativas, após o encerramento da temporada europeia e da LBF.

Vamos a elas:

Armadoras: Trata-se de uma das posições mais complicadas para a seleção no momento. Não tem havido uma preocupação nos últimos anos com a formação de uma atleta para essa posição, de maneira que as atitudes nos últimos ciclos foram considerar a naturalização de uma estrangeira e o adiamento da aposentadoria de Adrianinha. Nos cenário dos clubes, estrangeiras tem assumido os principais postos (Gretter, Briahanna, Macarena e Casanova na última LBF).

A boa novidade é a chegada de Lays, 19 anos, que fez temporada excelente na LBF com a camisa de São Bernardo e merece ter uma grande oportunidade agora depois de ter completado o desfalcado grupo no Evento Teste para os Jogos do Rio (2016).

Atleta de confiança do treinador, Tainá Paixão volta à seleção após se lesionar às vésperas da AmeriCup e desfalcar o time. Teve ótima temporada no basquete português e está em ação na Liga Argentina enfrentando alguns problemas físicos.

A convocação de Babi (32 anos) causa certa estranheza, já que a atleta disputou a AmeriCup e não foi bem. Na competição, aliás, o treinador parecia preferir Joice, atleta que mais tempo permaneceu em quadra pelo Brasil na competição. Joice não foi nem lembrada dessa vez, mas Babi mereceu uma segunda chance. Dominante no cenário nacional, Babi tem histórico bem discreto na seleção. Sua convocação parece ser uma sinalização de Carlos Lima de que o problema na AmeriCup era com ele próprio e não com Babi ou o  reflexo de uma insegurança da comissão técnica com a inexperiência de Lays e o físico de Tainá.

Alas: Cestinha da campanha da AmeriCup, Raphaella Monteiro (23 anos) chega com novo status ao time após boa temporada em Portugal. Outra boa notícia é a primeira convocação de Thayná (22 anos), que fez brilhante LBF defendendo São Bernardo. A poderosa promessa Izabela Nicoletti (18 anos) recebe nova chance, como no ano passado. Cortada do grupo que foi para AmeriCup, Izabella Sangalli (23 anos) também volta a ser chamada depois de boas temporadas na Argentina e Espanha.

Os três últimos nomes estiveram todos na AmeriCup. Das três, a mais efetiva foi Ramona (24 anos), que tem a chance de se reafirmar após uma temporada sem brilho na Espanha. Destacadas no cenário doméstico, Tati (27 anos) e Jaqueline (32 anos) atuaram muito mal na AmeriCup, mas foram lembradas mais uma vez. A mesma tolerância não recaiu sobre Patty.  Em relação à Tati, talvez pesem o histórico com o treinador e as boas atuações nas finais da LBF. Já Jaqueline, apesar da fartura de números nos clubes, é jogadora que regra geral se comporta com incômoda discrição na seleção.

Como são poucas as opções acostumadas com a posição 2 no grupo (Nicoletti e Jaqueline, para ser mais claro), talvez Tássia (Uninassau, 26 anos) merecesse uma oportunidade após boa temporada na LBF. Se o tempo de treinamento não fosse tão curto, talvez valesse a pena também observar as condições de Vitória Marcelino (Sampaio, 22 anos) na posição 3.

Pivôs: Traumatizado pelo revés em 2017, Carlos Lima chamou o quarteto Nádia (29 anos), Érika (36), Damiris (25) e Clarissa (30), ausente em 2017. São atletas que frequentam a elite do basquete mundial e que dispensam os comentários. Completam o grupo Letícia Rodrigues (23 anos), que esteve na AmeriCup e passou por uma boa temporada em Portugal e a mineira Kamilla Soares (17 anos), principal surpresa da lista. Talvez fosse uma boa oportunidade de observar Aline Moura (Vera Cruz, 21 anos) mais de perto.

Com exceção das ressalvas feitas, estamos diante de uma boa convocação.

A expectativa é de que em um momento melhor, com mais liberdade e em uma competição de nível técnico mais baixo, o técnico Carlos Lima mostre um trabalho melhor.

Bert

Fotos: FIBA