Opinião
OPINIÃO: LAÍS ELENA ESTARÁ SEMPRE VIVA
É bem difícil escrever sobre a perda de Laís Elena Aranha.
Laís é um personagem tão forte na história do basquete feminino, que sua partida torna difícil explicar o que ela fez no passado e imaginar o futuro da modalidade sem ela.
Laís era uma apaixonada pelo que fazia, uma defensora incansável do basquete feminino brasileiro, de suas atletas, uma adversária leal, ética e uma mulher simples, franca, solidária e engraçada.
No livro “Mulheres à Cesta – O basquete feminino no Brasil (1892 -1971)”, de Claudia Guedes, Laís relata seu primeiro contato com o basquete em um clube em Garça (SP), sua cidade natal:
Já no início da vitoriosa carreira como jogadora ela relatava ter notado em si uma característica que talvez explique muito a sua particular trajetória: a garra.
Essa garra ao longo dos anos fez de Laís uma presença constante e uma grande símbolo da história do basquete feminino no Brasil. Laís resistiu aos bons e maus momentos da modalidade, a excelentes patrocínios (e a falta deles) e à troca de prefeitos. E assim Santo André permaneceu de pé. Sempre.
Estará viva em atletas que ela revelou como Chuca, Vívian, Mamá, Simone Lima, Márcia Sobral, Leila Sobral, Kátia Regina, Gislaine Paulino (Gigi), entre outras.
Estará viva em Janeth, que ao chegar em Santo André já era titular de seleção brasileira, mas que encontrou no clube e em Laís um ambiente adequado para se afirmar como uma das maiores do mundo.
Laís será lembrada pela forma solidária com a qual colaborou na recuperação de atletas como Leila Sobral e Kelly Santos, que após lesões graves, encontraram nela o apoio para o recomeço.
Será lembrada ainda por atletas, as quais carinhosa e respeitosamente a treinadora buscou reinventar, como Cristina Carvalho (Cris), Lilian Lopes, Micaela e Franciele.
Será lembrada pela presença doce de seus pais, já bem idosos, acompanhando seus jogos no Pedro Dell’Antonia.
Mas sempre me diverti muito com algumas tiradas da treinadora, principalmente quando ela disfarçava um discreto ciúme ao ver sua estrela maior, Janeth, na WNBA. Abordada pela imprensa nesse período, Laís algumas vezes retrucava: “a Janeth não tem nada a aprender lá [Estados Unidos], ela tem a ensinar”.
Que essa bravura de Laís esteja sempre viva no basquete feminino, até hoje uma modalidade que depende muito de pessoas que, como ela, façam, trabalhem e se dediquem incansavelmente até o fim.