Ainda jovem, porém com carreira mais do que consolidada e vitoriosa na LBF CAIXA e no basquete feminino brasileiro, a ala Leila Zabani é um dos grandes nomes do principal campeonato de basquete feminino do Brasil. Com passagens por Rio Claro, Americana, Maranhão e agora Blumenau, Leila foi campeã da LBF CAIXA na temporada 11/12.

A Liga de Basquete Feminino (LBF CAIXA) é uma competição que conta com o patrocínio master da CAIXA, o patrocínio da SKY e os apoios da Liga Nacional de Basquete (LNB) e do Ministério do Esporte.

Leila nos contou como foram seus primeiros passos no esporte da bola laranja, quem são seus espelhos e referências no basquete feminino e também masculino, falou sobre a evolução da LBF CAIXA através das temporadas e outros assuntos.

Confira a entrevista completa com a ala do Blumenau Basquete:

Uma das grandes destaques do Blumenau na LBF CAIXA 16/17, Leila Zabani participou do quadro Olho nela (João Pires/LBF)

Primeiros passos

Comecei a jogar nas escolinhas de basquete da Unimed em Americana com a Anne Freitas por incentivo dos meus pais, que também jogaram quando eram mais novos. No começo eu não pensava em ser atleta, mas conforme o tempo foi passando e eu fui pegando gosto, foi algo que escolhi para mim.

Melhores partidas

Uma partida recente que foi muito legal foi o primeiro jogo da semifinal da liga passada contra Americana quando eu jogava no Maranhão. Nós ganhamos um jogo bem disputado em que eu pude ajudar minha equipe e quando acabou muita gente da torcida foi para a quadra. O clima foi muito bom. Quando participei do mundial sub-19 também foi um momento muito especial para mim, minha primeira convocação para uma seleção brasileira e os campeonatos que ganhei por Americana nas categorias de base são momentos que guardo com carinho.

Evolução da LBF CAIXA

Eu vejo que o campeonato está mais organizado, a gestão mais profissional. A introdução do Jogo das Estrelas também no feminino foi uma evolução importante para atrair público, aumentar a visibilidade. Há mais equipes de fora de São Paulo do que nas primeiras edições. Porém, ainda acho necessário que haja mais apoio e maior número de equipes no geral para que o campeonato evolua ainda mais, o que resulta em melhores condições para nós jogadoras e para as equipes.

Presente em todas as sete edições da história da LBF CAIXA, Leila já defendeu cinco camisas diferentes no campeonato (Divulgação/arquivo pessoal)

Espelhos

Quando comecei a jogar basquete em Americana, sempre ia aos jogos da equipe adulta da Unimed, que tinha um timão. Gostava muito de assistir a Silvinha e a Helen Luz jogarem em especial. Depois de mais velha tive a oportunidade de jogar com elas quando elas voltaram ao time de Americana em duas oportunidades diferentes, o que foi muito legal para mim, pude aprender muito. Além do talento e dos recursos de jogo, a ética de trabalho e a liderança das duas as tornam as jogadoras vencedoras que foram. Sem dúvida elas foram referências para mim.

Referências no basquete

Ainda que não seja a minha posição, gosto de ver o Fúlvio jogar, as assistências e a maneira que ele arma o time. Gosto do jogo do Shamell também por ser muito ofensivo e agressivo em relação à cesta. No basquete do exterior, consigo acompanhar mais a NBA e torço pelo San Antonio Spurs. O jogo coletivo deles é fora de série. Além disso, gosto muito do estilo de jogo do Manu Ginóbili e do Tony Parker.

Obstáculos na carreira

Vida de atleta não é fácil, você tem que se ausentar muitas vezes de momentos importantes com a família e amigos, é difícil conciliá-la com certos compromissos. Por outro lado o basquete nos mostra que sempre é possível tentar ser melhor que antes, ele sempre te dá uma nova oportunidade de fazer melhor e isso nos ajuda a encarar de uma maneira diferente as situações na nossa vida. Algo que, com certeza, eu não chamo de obstáculo ou problema, mas que foi difícil de ser conquistado, por conta dos treinos, jogos e viagens, foi a minha graduação. Depois de seis anos, consegui me formar em Ciências do Esporte, algo que foi muito importante para mim e do que eu não abriria mão.

Leila disputou a temporada passada da LBF CAIXA com a camisa do Maranhão Basquete (Gaspar Nobrega/LBF)

“Pedras no sapato”

Qualquer torneio internacional em que você jogue contra os EUA pode esperar por jogadoras muito difíceis de serem marcadas, elas são muito habilidosas e difíceis de segurar no 1×1. No mundial sub-19 em 2009 lembro que jogamos contra a Austrália que tinha a Liz Cambage, era muito difícil infiltrar no garrafão com ela em quadra.

Experiência no Maranhão

Foi uma experiência enriquecedora, as pessoas eram sempre muito acolhedoras e solicitas, a torcida nos passava uma energia muito boa, quando o Castelinho estava cheio era mais gostoso jogar. Pude conhecer lugares novos e ver mais de perto a cultura da região. É bonito de ver como as pessoas sentem orgulho e valorizam o que é de lá, isso era sentido por nós após alguma vitória, por exemplo. O nordestino é um povo forte, tem que lidar muitas vezes com dificuldades que os governantes não são capazes de resolver.

Próximos passos

Meu objetivo é evoluir para ser sempre uma jogadora melhor. Gostaria de ter a experiência de jogar fora do país e representar meu país jogando pela seleção.