Então aconteceu. Janeth Arcain, mito do basquete brasileiro, entrou no Hall da Fama da Federação Internacional. A cerimônia acontecerá no dia 30 de agosto, véspera da abertura do Mundial da China, e colocará um pouco de justiça em alguém que fez tanto pelo basquete brasileiro e também pelo mundial.
Os feitos de Janeth estão aí, no Google, na Wikipédia, nos blogs, em todo lugar. O que chama atenção nisso tudo é que alguém com tanto talento, com tanta história, com tanto currículo passe quase anônima em um Brasil que reconhece tão pouco seus ídolos.
Muito por conta do Brasil, mas também porque Janeth é assim mesmo. Pacata, na dela, humilde, tranquila, avessa a grandes rompantes de emoção e de “aparecimento”. Com ela sempre foi assim. Uma heroína silenciosa, uma craque sem fazer barulho, uma fera indomável mas quase sempre à espreita.
No Mundial de 1994, na Austrália, é só pegar os reprises disponíveis para ver. Jogos contra EUA (semifinal) e China, no aperto total de Hortencia e Paula (marcação dobrando) não é que a camisa 9 ajudou. Janeth decidiu os jogos a favor do Brasil. Se Paula colocava o melhor time da história do basquete feminino nacional pra jogar e Hortência farejava pontos como uma alucinada, Janeth era o contraponto entre a emoção da Rainha e o cérebro de Magic.
E era a âncora defensiva que o Brasil sempre precisou – e hoje segue precisando, Janeth. Na defesa não tinha pra ninguém. Grandes, baixinhas, tranquilo pra ela. Seu domínio dos fundamentos nos dois setores da quadra era espantoso, fora do normal. Se em uma equipe com 2 gênios ela foi isso tudo, no Houston Comets, outra passagem memorável, ela foi ainda mais incrível.
Em uma WNBA em formação, Janeth foi 4X campeã (97/2000) ao lado de gênios como Swoopes, Copper e Thompson, sendo reconhecida pelas 3 como a verdadeira responsável por guiar as texanas aos títulos. Em 2001, jogando de ARMADORA, foi all star da WNBA, feito repetido por brasileiras apenas uma década depois com Erika de Souza.
Janeth, pra sempre. Que seus ensinamentos inspirem as próximas gerações. Lições não faltam.