O tema da coluna desta semana não poderia ser outro. Na semana passada, Hortência foi eleita com 86% dos votos como a melhor jogadora dos Mundiais Femininos da Federação Internacional.
Para um basquete brasileiro que vive de tão poucas boas notícias quando o assunto é selecionado nacional nos últimos anos, é um feito a ser comemorado. Noves fora ela ser campeã mundial em 1994, medalha de prata em Atlanta dois anos depois, Hall da Fama nos EUA e na própria FIBA, agora foi a vez do reconhecimento vir do público. E de um público jovem, que provavelmente só a viu jogar por reprises, flashes ou YouTube.
E isso é sensacional. A reverência a Hortência também é uma reverência a Paula, Janeth, Alessandra, Helen, Adriana e tantas outras que fizeram a história do basquete feminino do Brasil. Hortência era uma das líderes daquela geração sensacional e é lindo ver que as meninas seguem com destaque nas cabeças e nos corações de todo mundo.
Hortência disputou cinco mundiais e teve as seguintes médias:
a) Em 1979, aos 20 anos, 20,8 pontos
b) Em 1983, 29 pontos
c) Em 1986, 19,7 pontos
d) Em 1990, surreais 31,5 pontos
e) Em 1994, 27,6 pontos, título mundial, eleita a melhor jogadora da competição e também no quinteto ideal do Mundial da Austrália conquistado pelo Brasil (nesta competição a Rainha não teve NENHUM jogo com menos de 22 pontos…).
Fenômeno do basquete é pouco. Creio que as pessoas não tenham muita noção de como, e de quanto, ela jogava. Outro dia comentei com um amigo, e não é exagero, que às vezes eu vejo Diana Taurasi com traços de Hortência. Com um singelo detalhe que Hortência jogou mais que Taurasi – e Taurasi, ala americana do Phoenix Mercury, joga muitíssima bola. Hortência era de outro mundo. Um instinto assassino absurdo para pontuar. Frieza para decidir. E poder de fogo para o Brasil e seus times nos momentos difíceis.
Abaixo uma bela homenagem do não menos genial Armando Nogueira à Hortência.