Apontada como uma das novas estrelas da renovada Seleção Brasileira Adulta, a pivô Clarissa dos Santos (foto), de 26 anos, ganhou na segunda-feira (18 de agosto) o troféu de MVP (jogadora mais valiosa) do 34º Campeonato Sul-americano disputado em Ambato, no Equador. A pivô ajudou o Brasil na conquista do título invicto da competição e foi um dos principais destaques da equipe nacional nas cinco partidas anotando 79 pontos e média de 15.8 pontos por jogo, além de ter pego 69 rebotes e média de 13.8 por jogo.
“Estou muito feliz por esse reconhecimento. Sempre agradeço muito a Deus, pois ele que me permite alcançar os lugares que almejo e que venho buscando. Venho trabalhando diariamente e me dedicando bastante. Quando um prêmio como esse chega é gratificante. Sei que preciso melhorar muito ainda, e venho me dedicando todos os dias para alcançar o meu máximo. Penso que já que escolhi ser jogadora de basquete, então tenho que tentar ser a melhor. É preciso estar pronto todos os dias, pois quando a dificuldade chegar você saberá como encarar”, disse a jogadora.
A brasileira falou ainda sobre sua trajetória na modalidade e do amor pela bola laranja. “A minha caminhada foi grande desde que comecei a jogar no Rio de Janeiro. Chegou um momento que tive que optar pelo basquete ou atletismo. E desde que decidi pelo basquete, sempre tive muitas pessoas ao meu lado me ajudando. Hoje chamo todos de tios e posso dizer que são muitos de todos os lados. O que me trouxe até aqui são essas pessoas que sempre me dão força, como amigos, familiares, técnicos e colegas de equipe. Só aparecem no meu caminho pessoas dispostas a me ajudar. No dia a dia vou me aprimorando sempre com muito trabalho, dedicação e amor pelo meu trabalho”, pontuou Clarissa.
Mas a pivô tem seu diferencial. Ela acorda mais cedo do que suas companheiras. Aquece, faz as ativações e exercícios de fortalecimento fisioterápicos. E quando chega na quadra é a primeira a iniciar o trabalho com bola. Todas essas qualidades fazem da pivô um exemplo dentro do grupo.
“Eu acordo cedo naturalmente, então já inicio todos esses trabalhos que faria na quadra. Mesmo que pouco, ganho um tempo de quadra a mais para ir trabalhando a bola e fazendo antes as atividades. Para mim é muito importante os exercícios de fortalecimento por causa das lesões que já tive, para manter uma qualidade física um pouco melhor e não ter dificuldade de me manter no peso. Na parte médica as fisioterapeutas me ajudam muito nesse processo de entendimento do meu corpo. Elas sempre passam exercícios novos que vou agregando à minha rotina. Como durante a competição, os treinos são mais curtos com duração entre uma hora e uma hora e meia, para mim vale a pena levantar um pouco mais cedo para fazer esses exercícios de ativação e chegar na quadra pronta para aproveitar ao máximo. Me sinto melhor e mais animada com esse meu processo”, analisou.
Clarissa destacou a evolução da equipe no Torneio. “Temos evoluído muito não só na seleção, mas no trabalho dos clubes. Voltamos para o Brasil sempre com a cabeça de um trabalho forte, um sistema mais aberto e uma visão maior. Ele vem através desse processo conseguindo colocar essa metodologia na cabeça das jogadoras para que melhorem algumas qualidades técnicas e táticas. E se o individual está bom, o coletivo será ainda melhor. O trabalho dele tem sido muito positivo”.
A carioca, nascida no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio, falou sobre os jogos na cidade equatoriana de Ambato, que fica a 2.600 metros acima do nível do mar. “Foi bastante pesado e cansativo jogar com altitude. É impressionante como sentimos a diferença no nosso corpo. Mas viemos bastante preparadas para enfrentar essa adversidade. A nossa nutricionista fez todo um trabalho de suplementação e alimentação, além da preparação física e a fisiologia que da mesma forma nos preparou para alcançarmos o limite máximo do nosso físico. A comissão técnica trabalhou muito para nos ajudar a alcançar esse resultado. Deu certo e conquistamos o título”.
A jogadora que defende o Unimed Americana, equipe atual campeã da Liga de Basquete Feminino (LBF), enalteceu o trabalho de renovação iniciado com a equipe feminina. “O técnico Zanon (Luiz Augusto) tem uma cabeça muito diferente e uma visão mais aberta do que outros treinadores. Acredito que por comandar equipes masculinas em paralelo, o grau de exigência dele seja muito mais alto. Mas isso é uma coisa muito boa, pois nos possibilita crescermos como atletas. Talvez não consigamos alcançar o grau de exigência máxima dele, mas se aproximando já sabemos que é algo muito bom. Ele assumiu o comando da seleção no ano passado e vem implementando seu sistema e filosofia de trabalho. E vem dando muitos frutos e resultados. O Zanon é um técnico muito inteligente e bem assessorado com a presença do Cris [Cristiano Cedra, assistente técnico]. Eles formam uma ótima dupla na parte tática, passando o entendimento e os melhores caminhos para alcançarmos os objetivos traçados”, analisou Clarissa.
O Brasil embarca, nesta terça-feira (19 de agosto), para a Europa onde irá disputar os Torneios Internacionais em Istambul, na Turquia, de 22 a 24 de agosto, e em Limoges, na França, de 26 a 30. Os amistosos servem de preparação para a Copa do Mundo da Turquia, de 27 de setembro a 05 de outubro.
“Tivemos muitos altos e baixos no Sul-americano. Cometemos erros que foram importantes na fase que estamos para a avaliação do nível que estamos e a distância desse momento para onde objetivamos chegar. Estamos partindo agora para amistosos importantíssimos que irão nos dar uma base ainda mais forte para o nosso principal objetivo desta temporada que é a Copa do Mundo”, finalizou Clarissa.
A Seleção Brasileira Adulta, comandada pelo técnico Luiz Zanon, conquistou o 25º titulo sul-americano e o 15º consecutivo invicto depois de derrotar a Argentina por 59 a 47 (28 a 27 no primeiro tempo). As seleções do Brasil, Argentina e Venezuela, estão classificadas para os Jogos Pan-americanos de Toronto e para o Torneio Pré-olímpico das Américas de Edmonton, ambos em 2015, no Canadá. Além dessas seleções, o Chile também está garantido no Pré-olímpico do Canadá.
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Fonte: CBB
Foto: Samuel Vélez/FIBA Américas