Da redação, em Americana (SP) – 8.1.2025
Ser atleta profissional significa, praticamente, viver para o esporte. Há muita entrega e dedicação ao longo de anos e anos. E quando vai chegando a hora de encerrar a carreira, quase sempre é uma fase difícil de ser atravessada. Ficar distante daquilo que foi sua vida até então é inconcebível. Mas quem disse que tem que ficar longe? Fabiana Caetano está aqui para provar que não.
Ex-atleta de basquete por 21 anos, Fabiana jogou as primeiras edições da LBF e vem tendo um pós-carreira ainda perto das quadras. Em 2021, ela parou de jogar e deu início, então, a carreira de psicóloga. Dentro da nova profissão, escolheu por psicologia esportiva e atualmente atua como psicóloga clínica e esportiva.
Seu público, claro, conta com atletas do basquete feminino e da LBF, o que ameniza um pouco a saudade. Mas, mesmo assim, a diferença no dia a dia é grande, e Fabiana vem se adaptando aos poucos.
“Hoje minha rotina é totalmente diferente. Tenho mais tempo para mim e para a minha família. Embora continue treinando, pois acredito que isso é essencial para a saúde, não me imponho tantas cobranças. Faço meus próprios horários, o que permite me dedicar mais aos estudos e aos casos clínicos. Como atleta, minha dedicação era 100% voltada ao basquete”, explicou Fabiana.
O fato de ter sido atleta vem sendo um componente super importante no trabalho de hoje. Segundo a psicóloga, o conhecimento da carreira esportiva facilita o entendimento de muito do que as meninas passam atualmente.
“Sim, isso me ajuda a compreender profundamente os desafios e as demandas do ambiente esportivo, tanto físicas, quanto emocionais. Essa experiência me permite estabelecer uma conexão mais empática com os atletas, pois entendo as pressões, as cobranças e os altos e baixos que fazem parte dessa trajetória. Além disso, consigo oferecer estratégias práticas que unem a psicologia e o aprendizado adquirido na vivência esportiva, ajudando-as a lidar com questões como desempenho, ansiedade, trabalho em equipe e equilíbrio emocional de forma mais eficaz”, detalhou Fabiana Caetano.
Saúde mental em destaque
Um pouco diferente da época em que começou a jogar, hoje em dia Fabiana vê uma atenção e um cuidado maiores a relação a saúde mental. “Acredito que as atletas que estão começando hoje apresentam diferenças comportamentais em relação à minha época. Atualmente, há mais acesso a informações, redes sociais e discussões sobre saúde mental, o que traz tanto benefícios, quanto desafios”, comentou a psicóloga, que explicou.
“Por um lado, elas estão mais conscientes da importância do cuidado emocional e do desenvolvimento psicológico, mas, por outro, enfrentam maiores pressões externas para corresponder a expectativas. Além disso, percebo que a relação com a autoridade, o trabalho em equipe e a gestão de frustrações pode ser diferente, muitas vezes influenciada pelas mudanças culturais e sociais ao longo dos anos. Meu papel como psicóloga é justamente ajudá-las a equilibrar essas demandas, promovendo autoconfiança e resiliência”.
Fabiana é mais procurada principalmente para lidar com questões relacionadas à pressão por desempenho, ansiedade em competições e a busca por equilíbrio entre a vida pessoal e esportiva. “Além disso, é comum que surjam demandas ligadas à autoconfiança, foco e gestão de emoções em situações de alta exigência. Essas questões fazem parte da rotina de muitas atletas, e o trabalho psicológico ajuda a criar ferramentas para enfrentá-las de forma mais saudável e eficiente”, disse.
Mudanças de comportamento na prática
Será que é possível enxergar alguns pontos que fazem a diferença na atleta que conta com esse suporte profissional? Fabiana Caetano garante que sim. A psicóloga elenca algumas qualidades acentuadas nas atletas, e pessoas, que buscam esse apoio.
“Com certeza, é possível identificar algumas diferenças marcantes. Entre elas, Gestão Emocional, autoconfiança, resiliência, comunicação e relacionamentos, equilíbrio e clareza de objetivos. Essas qualidades são perceptíveis tanto no desempenho esportivo, quanto na maneira como as atletas encaram os desafios fora do esporte”, concluiu Fabiana.