Já são 24 anos da conquista que colocou a Seleção Brasileira no topo do mundo. Na distante Austrália, em 12 de junho de 1994, 12 jogadoras escreveram seus nomes no Olimpo do basquete. Adriana, Alessandra, Cintia, Dalila, Helen, Hortência, Janeth, Leila, Paula, Roseli, Ruth e Simone, comandadas por Miguel Ângelo da Luz, venceram a desconfiança e as seleções consideradas favoritas para colocar o país no ponto mais alto do pódio, pela primeira vez. Três das atletas que disputaram a LBF CAIXA 2018 contaram como esse timaço influenciou o curso de suas carreiras no esporte.
Kelly, pivô do Funvic/Ituano
“Estava no meu segundo ano no basquete, iniciando minha carreira. Aquele time influenciou 100% o meu sonho de se tornar uma atleta profissional de alto nível e internacionalmente reconhecida. Me lembro que fui ao aeroporto buscar a equipe campeã. Eu jogava pela Ponte Preta Nossa Caixa de campinas e fomos em caravana recepcionar as campeãs mundiais no aeroporto de Guarulhos. Eu tinha 14 anos”
Karla, ala do Vera Cruz Campinas
“Sempre soube que queria ser jogadora de basquete, e aquele dia eu tive certeza. Estava em Campinas, na base da Ponte Preta e eu e a Tata (Renata), passamos a madrugada jogando videogame (basquete) esperando por esse jogo! Gritávamos como se tivéssemos sido campeãs do mundo junto com elas! Um dos dias mais felizes da minha vida.”
Fabi, ala do Presidente Venceslau
“Estava iniciando no basquete e a conquista influenciou muito para que eu aumentasse minha dedicação ao basquete, em termos de treinamento, disciplina, responsabilidades. Elas foram guerreiras e são até hoje fonte de inspiração para todos envolvidos com a modalidade”
A seleção havia chegado a Austrália sob desconfiança pelos maus resultados nas edições anteriores e pela nova comissão técnica. Mas Miguel Ângelo da Luz soube conciliar o elenco com estrelas como Hortência, Paula e Janeth, com novas atletas, como Helen, Alessandra e Leila.
Na primeira fase, a seleção derrotou China Taipei (atual Taiwan, por 112 a 83), perdeu para a Eslováquia (88 a 99) e derrotou a Polônia (87×77), com grandes atuações do trio principal e a jovem Alessandra, ficando na segunda posição do grupo C.
Na segunda fase, nova classificação em segundo lugar, desta vez atrás da China (derrota por 90×97, apesar dos 36 pontos de Hortência e outros 27 de Janeth), e vitórias sobre Cuba (111×91, com 38 de Janeth) e Espanha (92×87, com Hortência-Paula-Janeth combinando 66 pontos).
A campanha colocou a seleção no caminho dos Estados Unidos – então atual bicampeão e dono de cinco títulos no total – para a semifinal. Parecia ser o fim da linha para as brasileiras. Mas em 11 de junho, Hortência, Paula, Janeth e cia estavam inspiradas, e a vitória por 110 a 107 deixou as norte-americanas de fora da final pela primeira vez em duas décadas.
Na grande decisão, no dia seguinte, a mesma China, que já havia derrotado a seleção na segunda fase. A equipe oriental tinha como principal destaque sua pivô Zheng Haixia, de 2,04m. A final foi acirrada, a gigante chinesa fez 27 pontos, mas o Brasil estava determinado do começo ao fim a escrever seus 12 nomes e o do técnico Miguel Ângelo da Luz na história. Hortência fez outros 27 (terminando como a cestinha do campeonato), Janeth 20 e Paula 17 na vitória por 96 a 87. Basquete feminino brasileiro no ápice mundial.
Desde então, apenas a Austrália em 2006 (aqui no Brasil, invertendo as coisas) conseguiu o feito de ser campeã mundial, além do todo-poderoso Estados Unidos. O feito de 1994 segue gigante.
A delegação brasileira também era composta pelo assistente técnico Sérgio Maroneze Duarte, o preparador físico Hermes Balbino, a médica Marli Kecorius, a fisioterapeuta Marisa Lebeis, o massagista José Pedro Felício, o supervisor Waldir Pagan Perez, o chefe da delegação Raimundo Nonato e o assessor de imprensa Sérgio Barros.