A tarde desde sábado (07/05) foi histórica para o fã do basquete feminino brasileiro. Além da disputa dos torneios individuais e do Jogo das Estrelas entre as principais estrelas da LBF CAIXA, o torcedor campineiro pôde ver a volta de Paula e Hortência às quadras após quase duas décadas.

Nem como atletas e nem como treinadoras , as duas lendárias jogadoras foram as madrinhas dos times Magic Paula e Rainha Hortência no Jogo das Estrelas da LBF CAIXA. Ao final do dia, o time da Rainha Hortência superou o time da Magica Paula, ao vencer a partida festiva pelo placar de 79 a 78.

“Casa cheia, evento maravilhoso e Paula e Hortência, faltam palavras para descrever o que sentimos hoje. Nós atletas crescemos admirando e idolatrando as duas jogadoras, eu queria ser igual a elas, então é uma emoção sem limites atuar ao lado delas como fizemos hoje”, comentou a ala/armadora Karla Costa.

“Foi uma emoção muito grande defender o nome da Rainha Hortência. Quando eu era pequena eu olhava a Paula e a Hortência querendo estar ali com elas dentro de quadra e hoje foi mais ou menos assim. Olhar pra fora da quadra e ver a Hortência dando dicas e torcendo por nós como hoje é incrível”, completou Karla.

A Liga de Basquete Feminino (LBF CAIXA) é uma competição que conta com a CAIXA como patrocinadora master, e possui o apoio da Spalding, da Liga Nacional de Basquete (LNB) e do Ministério do Esporte.

Madrinhas dos times Magic Paula e Rainha Hortência, as duas lendárias atletas abrilhantaram o evento festivo da LBF CAIXA (Célio Messias/LBF)

Madrinhas dos times Magic Paula e Rainha Hortência, as duas lendárias atletas abrilhantaram o evento festivo da LBF CAIXA (Célio Messias/LBF)

Muitas vezes rivais, outras tantas vezes companheiras dentro de quadra, Paula e Hortência são referências não só no basquete feminino como em todo o basquete brasileiro. As duas madrinhas do Jogo das Estrelas da LBF CAIXA foram as duas primeiras brasileiras e serem integradas ao Hall da Fama do basquete mundial.

Um pouco da rica história das duas atletas foi construída no palco da edição 2016 do Jogo das Estrelas. Paula e Hortência atuaram juntas com a camisa da Ponte Preta no início dos anos 1990 e venceram juntas o campeonato Mundial de Clubes de 93 com o clube pontepretano, que inclusive foi homenageado pela Liga de Basquete Feminino durante o evento.

Com a camisa verde-amarela da Seleção Brasileira a história das duas ex-atletas é mais rica ainda. Paula e Hortência escreveram seus nomes na história do basquete brasileiro ao serem protagonistas das principais conquistas de medalha o Brasil nas competições internacionais dos anos 1990.

A trajetória repleta de conquistas, revelações e grandes números do basquete feminino brasileiro começou em 1991, nos Jogos Pan-Americanos de Havana, em Cuba. Na decisão, lideradas por Paula e Hortência, a Seleção Brasileira passou facilmente pelas donas da casa, vitória pelo placar de 97 a 76 e medalha de ouro garantida.

Juntas em diversas conquistas com a Seleção Brasileira, Paula e Hortência venceram juntas o Mundial de Clubes de 1993 com a Ponta Preta (Célio Messias/LBF)

Juntas em diversas conquistas com a Seleção Brasileira, Paula e Hortência venceram juntas o Mundial de Clubes de 1993 com a Ponta Preta (Célio Messias/LBF)

Tal resultado expressivo fez com que Fidel Castro, até então presidente de Cuba, se rendesse aos talentos das duas jogadoras durante a entrega das medalhas de ouro, ao falar que ambas estavam com “mira a laser”, já que não erravam seus arremessos. Vinte e cinco anos depois, esta cena se mantém como um dos momentos marcantes da participação brasileira em Pan-Americanos e também na carreira de ambas jogadoras.

Na sequência, mais conquistas da Seleção Brasileira. Em 1994, no Mundial da Austrália, o Brasil conquistou aquele que pode ser o maior feito do basquete feminino do país, ao subirem no lugar mais alto do pódio do torneio após vitória sobre China na decisão. Na ocasião, Hortência foi nomeada a principal destaque não só do Brasil como de todo o campeonato mundial, ao conquistar média de 27,6 pontos por jogo.

Para fechar o ciclo de grandes conquistas da Seleção Brasileira, Paula e Hortência subiram mais uma vez no pódio, ao conquistarem medalha de prata dos Jogos Olímpicos de Atlanta em 94. Donas de sete vitórias nas sete primeiras partidas daquele torneio olímpico, o Brasil foi superado pelas donas da casa na final e ficou com o 2º lugar do torneio.

Do lado de Hortência forma anos e anos de dedicação com a camisa da Seleção Brasileira e 3.160 pontos marcados em 127 partidas oficiais, com média de 24,9 pontos por partida. Além dos ótimos número na Seleção, Hortência possui oito títulos do campeonato estadual de São Paulo, sete conquistas da Taça Brasil, quatro vezes campeã sul-americana de clubes e três troféus de campeã do Mundial de Clubes durante sua passagem em times do basquete brasileiro.

Já do lado de Paula, que não leva a alcunha de um dos maiores jogadores da história do basquete mundial à toa, foram 28 anos de sua vida dedicados ao basquete, com oito títulos estaduais em São Paulo, quatro troféus da Taça Brasil, um título Mundial de Clubes e duas conquistas do campeonato pan-americano.

Duas atletas, dois mitos do basquete brasileiro. Assim pode-se resumir o papel de Paula e Hortência no cenário do esporte da bola laranja. As duas atletas marcaram a geração mais vencedora do basquete feminino do Brasil, escreveram seus nomes no esporte tanto em termos de conquista quanto de importância para o desenvolvimento do mesmo e sempre serão lembradas e tratadas como lendas para o basquete brasileiro.

As duas maiores atletas da história do basquete feminino contagiaram não só a torcida mas também as jogadoras do Jogo das Estrelas (Célio Messias/LBF)

As duas maiores atletas da história do basquete feminino contagiaram não só a torcida mas também as jogadoras do Jogo das Estrelas (Célio Messias/LBF)