O Basquete Feminino Brasileiro está de luto. Faleceu na tarde desta terça-feira (12) Laís Elena, ex-treinadora do Santo André/Apaba por mais de três décadas, primeira comandante campeã da história da LBF CAIXA e medalhista de bronze no Mundial de 1971, como jogadora. Ela tinha 76 anos, recém-completados nesta segunda, 11, e lutava contra um câncer nos últimos anos.
Segundo nota divulgada pela Prefeitura de Santo André-SP, o prefeito Paulo Serra decretou luto oficial de três dias. O velório acontece nesta quarta-feira, 13, das 7h às 15h, na Câmara Municipal da cidade. Após, o corpo segue para o Crematório da Vila Alpina, em São Paulo.
O presidente da LBF, Ricardo Molina, lamentou o falecimento de Laís Elena.
“Este é o dia mais triste de todos estes nove anos de existência da Liga de Basquete Feminino. A LBF, assim como os seus clubes, só tem a agradecer pelo privilégio de compartilhar, durante todos estes anos, de sua energia e sabedoria nas quadras, como técnica, e de sua participação sempre ativa nas reuniões. A construção da LBF está muito ligada ao legado que a Laís levantou na modalidade. A Liga fará de tudo para que possa honrar tudo o que ela fez pelo basquete feminino. É uma perda imensa que dificilmente será substituída”, comentou Molina.
Laís Elena dedicou mais de seis décadas de sua vida ao basquete. Nascida em 1943, em Garça, no interior de São Paulo, chegou a Santo André em 1964 como armadora, vinda do Corinthians. Em onze anos na equipe, conquistou títulos como da Taça Brasil, Jogos Abertos do Interior e Jogos Regionais.
Por quase toda a sua carreira, Laís Elena também defendeu a Seleção Brasileira, integrando as equipes seis vezes campeãs Sul-Americana e bicampeãs Pan-Americana, ao lado de outros nomes históricos como Heleninha, Norminha e Maria Helena Cardoso. Laís também esteve no jogo-exibição contra a Tchecoslováquia, realizado em Madri, na Espanha, evento que ajudou a tornar o basquete feminino um esporte Olímpico.
Tornou-se treinadora em 1976, na equipe de base andreense. Quando assumiu o time principal, em 1984, iniciou a passagem mais longeva do basquete feminino brasileiro. Em 31 anos, ao lado de sua fiel assistente, Arilza Coraça, levantou tantos outros Jogos Regionais e Abertos, dois Paulistas e dois Campeonatos Nacionais, incluindo a primeira LBF CAIXA da História, na temporada 2010/2011 – sendo eleita a melhor técnica da edição.
Diversas gerações de atletas passaram pelas mãos de Laís Elena, de campeãs mundiais como Janeth, Leila Sobral e Helen a multicampeãs da LBF como Ariadna e Ega.
Lais aposentou a prancheta em abril de 2015, quando o Santo André encerrou sua participação na LBF CAIXA daquele ano. Mas isso não significou que a lendária treinadora ficaria longe do Pedro Dell’Antonia, a casa da equipe. Nos últimos anos, acompanhou de perto os jogos e a gestão do Santo André/Apaba e, desde janeiro de 2017 era Secretária-Adjunta de Esportes e Prática Esportiva do município.
No último Jogo das Estrelas, em 2018, realizado no palco onde Laís conquistou tantas vitórias, foi ovacionada por 3.500 pessoas em um dia de festa no Dell’Antonia.
Uma de suas últimas aparições públicas foi há duas semanas, quando esteve presente no Lançamento da LBF CAIXA 2019, em Campinas. Na ocasião, Laís pediu empenho aos dirigentes para trazerem mais público para os ginásios e o basquete feminino. “Precisamos lutar por isso, porque é a razão de ser”, disse no dia.
O legado de Laís Elena para o basquete feminino é enorme. Seu nome foi a principal força motriz para que o Basquete Feminino continue sendo praticado ininterruptamente na cidade por quase sete décadas. Exigente não apenas em quadra, também se preocupava com cada comandada fora delas e tinha grande atuação na área social.
Além dos muitos títulos, formou diversas gerações de atletas – dezenas delas seguem atuando na LBF CAIXA. Não apenas revelou atletas para o basquete, mas encaminhou diversas jovens andreenses para a vida, proeza que ela carregou com orgulho até o final.
Uma história de amor ao basquete que, a partir desta terça, torna-se ainda mais Lendária. Obrigado, Laís!