Com quatro Jogos Olímpicos (2000, 2004, 2008 a 2012), experiências no exterior e com ótimos números e conquistas em sua vitoriosa carreira, a armadora Adrianinha, de 37 anos, é dona de grande história no basquete brasileiro e segue entre as figuras mais importantes da modalidade laranja no Brasil.

Com diversos clubes de São Paulo em sua carreira, Adrianinha disputou as últimas três edições da LBF em clubes do Estado de Pernambuco. Nascida em Franca (SP), já com sangue de “basqueteira”, a armadora viu o basquete feminino praticamente dar seus primeiros passos na Região Nordeste do Brasil e hoje é referência dentro e fora das quadra por lá.  

Uma das grandes atletas do principal campeonato de basquete feminino, Adrianinha falou sobre sua carreira fora do Brasil, contou sobre os melhores jogos de sua vida, deu sua opinião sobre o basquete brasileiro e tocou em outros assuntos. Confira a entrevista com a armadora do América de Recife:

Adrianinha, do América (2)

Uma das mais experientes atletas no basquete feminino brasileiro, Adrianinha segue sendo referência do América de Recife dentro e fora de quadra (Robson Neves/Divulgação)

– Experiente no exterior

Joguei nos Estados Unidos, Itália e Rússia, e posso dizer que são três ligas diferentes. A italiana é a que tenho um respeito maior, pois foi onde eu fiz minha carreira lá fora. Estados Unidos é o sonho de qualquer atleta. Foi uma experiência muito boa, que só teve a acrescentar na minha carreira. Na Rússia, foi a experiência mais diferente, pela cultura tão diferente e também por ser um país que respeita e respira muito basquetebol.

Adrianinha

Além de grande história no basquete brasileiro, Adrianinha também atuou fora do país (Divulgação/ Getty Images)

– Diferença Brasil x Exterior

Eu acho que a maior diferença é no número de equipes. Hoje se fala muito disso, mas desde a minha época de juvenil já haviam poucos times disputando campeonatos. É muito triste ver um pais tão grande quanto o Brasil explorar tão pouco a modalidade. Fica tudo muito centralizado no Sudeste. Ultimamente é que a gente está conseguindo trazer o foco para o Nordeste, mas a maior diferença acho que é mesmo o número de equipes.

– Espelho no NBB

Eu sou de Franca, então não posso deixar de torcer e de acompanhar o time da minha cidade. O estilo que o time tem é muito legal, jogam com muita paixão, pois é o esporte da cidade. Ultimamente, por causa da crise econômica, o time tem se apoiado em jovens, misturado alguns atletas mais experientes com a juventude. Acho muito bacana esse estilo de projeto do time.

– Espelho na carreira

Eu tive a oportunidade de jogar com a Paula. Até hoje eu não esqueço dessa grande oportunidade. Receber os conselhos dela, ter as dicas dela foi algo sensacional que eu tive. É uma atleta que eu vi jogar e que foi muito especial para minha carreira.

– Sentimento Seleção Brasileira

É algo inexplicável vestir a camisa da Seleção Brasileira. Eu não consigo parar. Várias vezes já disse que iria me aposentar, mas quando eu vejo, recebo proposta de convocação de novo e falo que sim (risos). É o sonho de todo atleta. Tem um peso, um orgulho. É incrível.

– Experiência olímpica

Eu era muito nova em 2000, então era uma coisa que na hora eu não acreditava, era tudo muito novo pra mim. Até hoje eu não esqueço do aquecimento do primeiro jogo válido pela Olímpiadas. Parecia cena de um filme. É uma experiência única na vida de qualquer atleta.

408vaoben89lt7ai5ln5i2cnp

Com mais de 20 anos dedicados ao basquete e à Seleção Brasileira, Adrianinha vestiu a camisa verde-amarelo em quatro Jogos Olímpicos (Divulgação)

– Partidas inesquecíveis

Tem dois momentos que guardo na memória. Um jogo do Mundial Juvenil, que por ser no Brasil foi muito especial, e eu ainda joguei muito bem. E um jogo que eu fiz na Itália. Fiz mais de 40 pontos e eu joguei de ala ainda (risos). Montaram uma estratégia comigo de armadora e no jogo entrei de ala. Foi uma surpresa e eu joguei bem. Guardo esses dois momentos com muito carinho.

– Dedicação em Recife

Eu nunca planejei vir para Recife, mas sou muito feliz que isso tenha acontecido. Tive a oportunidade de encerrar minha carreira no Brasil e quando cheguei em Recife, fiquei muito surpresa. Aqui sempre teve tudo que precisei para desenvolver meu trabalho, dentro e fora de quadra.

– Desenvolvimento em Recife

É nítido o desenvolvimento do basquete aqui em Recife nos últimos anos. A gente incentivou crianças, incentivou até equipes masculinas a ingressarem na modalidade. Acho que qualquer um que vem aqui em Recife pode dizer que aqui está o primeiro polo de basquete do Nordeste.

– Pós-carreira

Eu já estou iniciando a minha aprendizagem como técnica, pois é uma mudança muito grande, mesmo para quem já está inserido dentro do basquete. Já estou participando de cursos e clínicas e vamos ver se eu tenho jeito, né? Se sim, porque não virar treinadora e continuar no basquete?

(Divulgação/CBB)

Nos últimos anos a armadora Adrianinha participou de alguns cursos de treinadores de basquete (Divulgação/CBB)