Opinião

AS RAINHAS DE TÓQUIO

Foto: FIBA

A disputa do basquete feminino nas Olímpiadas de Tóquio chegou ao fim no último dia 08, com a vitória da seleção americana sobre a japonesa na final por 90 a 75.

A competição foi muito interessante e renderia muitas possíveis discussões, mas certamente a presença mais empolgante no torneio foi a da seleção japonesa.

Desacreditada no início da competição, a equipe foi impressionando rodada a rodada com um basquete envolvente, ágil e preciso.

Com suas atletas mais altas alcançando no máximo 1,85m, o time não se intimidou contra nenhum adversário.

Em um time tão coeso e obediente, chega a ser deselegante mencionar um destaque. Mas é impossível não falar da armadora Rui Machida. Na mesma edição dos Jogos em que a americana Sue Bird chegou a sua quinta medalha de ouro e rompeu a marca de cem assistências, a japonesa somou setenta e cinco!

Mas o sucesso japonês não aconteceu por acaso.

O triunfo prateado japonês passa por um extenso planejamento, com fortalecimento da liga doméstica (que não aceita estrangeiras), sólida remuneração financeira para atletas e intenso treinamento.

A baixa estatura, considerada até então uma limitação ao país para o cenário internacional, levou a uma escolha pelo “small ball”, com ênfase no condicionamento físico, defesa agressiva, dois treinos diários de arremessos e apostas na versatilidade entre as posições e nos arremessos de três pontos.

Geralmente não existe uma pivô tradicional (posição cinco). “Não se lamenta sobre o que não se tem.”_ costuma repetir o técnico da equipe. A principal atleta japonesa que poderia ocupar essa posição de pivô mais alta (Ramu Tokashiki, de 1,93m) está lesionada e desfalcou a seleção.

Foto: FIBA

O comandante desse processo é o técnico americano Tom Hovasse, com passagem relâmpago pela NBA como jogador. Ainda como jogador frequentou a Liga Japonesa por dez anos e retornou ao país em 2009 como técnico. Depois de trabalhar como assistente no Rio-2016 (oitava colocação), Tom assumiu a seleção japonesa em 2017 e naquela ocasião declarou que levaria o time à disputa do ouro contra a seleção americana na Olimpíada de Tóquio. Foi chamado de maluco.

A filosofia de trabalho de Tom inclui ainda que a jogadora deve sempre arremessar quando estiver livre, independente do tempo de posse e um trabalho intenso sobre a auto-confiança das atletas.

por Bert – Painel LBF

(10 de agosto de 2021)

 

 

 







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