Opinião
LBF ENCARA DESAFIOS E ASSISTE À REORGANIZAÇÃO DE FORÇAS EM 2021
Com a temporada 2020 cancelada logo em seu início em razão dos primeiros casos de COVID-19 no Brasil, a Liga de Basquete Feminino (LBF) tem o desafio de colocar de pé a temporada 2021 da competição com o país enfrentando o momento mais delicado na pandemia.
Assim como em outras ligas esportivas que se mantiveram em ação durante a pandemia, a operação exige cuidados especiais e está sujeita a uma maior imprevisibilidade nos resultados em razão de repercussões de ordem técnica, como cancelamento de jogos, restrições de treinamento e desfalques.
Somado a isso, o desenrolar da temporada ainda terá a forte influência das futuras confirmações de reforços dos clubes com atletas nacionais que estão no momento ainda ligadas a equipes europeias.
Depois de duas temporadas consecutivas (2018 e 2019) polarizadas pelo duelo entre Sampaio Basquete e Vera Cruz Campinas, o cenário do momento parece sugerir uma reorganização de forças.
O maranhense Sampaio Basquete revisita a condição de favorito de volta ao comando do técnico Virgil Lopez. O treinador se cercou de nomes com os quais já havia trabalhado no próprio Sampaio ou na seleção brasileira, como a pivô Gil (ex-Itu), as alas Jeanne e Érika Leite (ambas ex-Campinas) e algumas novidades como Luana Leite, Thainá e Letícia Lisboa (ex-Sorocaba). Essa rotação enxuta e de pouca estatura deve sofrer um pouco no começo da competição, enquanto aguarda as chegadas da armadora Débora (Unicaja, Espanha) e do trio de alas Raphaella Monteiro (Lombos, Portugal), Tati Pacheco (Vitória, Portugal) e Isabela Ramona (Montana, Bulgária). Possivelmente o clube deve ainda ter um reforço também no garrafão.
Do outro lado, a equipe do Ituano Basquete (SP) surge intensamente remodelada, virtualmente candidata a alcançar maior protagonismo na disputa. Houve uma saúdável renovação no comando técnico do time, com o assistente Bruno Guidorizzi assumindo o cargo de treinador principal até então ocupado por Antônio Carlos Barbosa. Com ótimas passagens no comando de Santo André em outras edições da LBF, Bruno manteve seis nomes que estiveram na disputa do Campeoanto Paulista pela cidade: a armadora Joice, as alas Patrícia “Chuca”, Palmira, Izabella Sangalli (no momento no Fustecma, Espanha) e as pivôs Mariana Dias e Monique. A contratação de maior impacto até o momento foi a da lateral Patty, até então cestinha do Vera Cruz Campinas. Chegaram ainda a armadora Tita (ex-Sorocaba) as alas Marília Ibukunoluwa (ex-Santo André) e Isabel Bueno e a pivô Letícia Josefino (Rosalia, Espanha). Ainda não foi oficializado, mas é esperado o retorno da armadora Alana Gonçalo (Mellila, Espanha) e também a chegada de mais um nome para o garrafão.
Já o Vera Cruz Campinas (SP) começa a temporada mais uma vez se reinventando. Como a história já mostrou, não é bom duvidar do atual campeão paulista, mas a verdade é que o time perdeu força nas movimentações do mercado. Seguem as armadoras Babi e Maila, as alas Tássia e Yasmin, que se encaixou bem na filosofia do técnico Élcio Ortiz, e as pivôs Licinara e Mônica. Entre as contratações, retorna Fabi Caetano (ex-Itu) e houve uma parceria com a Apagebask/Guarulhos, que emprestou Isabela Costa e Letícia Prudente. Mas para um time que se celebrizou pela fartura de opções em armadoras e alas, deve pesar a ausência da dupla Jeanne e Patty, mesmo com o retorno às quadras da presidente do clube, Karla Costa e com a contratação de Gabi Santos (ex-Itu) e Cíntia Janowsky, que estava no basquete 3×3 . Em entrevista na última semana, Élcio deixou escapar que as pivôs Gabriela Guimarães (União Sportiva, Portugal) e Jennifer Nonato (Barreiro, Portugal) devem reforçar o time, o que talvez sinalizaria uma possível mudança na forma de atuar da equipe, com mais opções no garrafão.
A tradicional equipe de Santo André (SP) manteve a base do elenco que cumpriu uma campanha irregular no Campeonato Paulista, mas que tem potencial para incomodar (bastante) na temporada. O poder de fogo de Ariadna Felipe e Jaqueline de Paula, maiores cestinhas da história da LBF, deve continuar como referência da movimentação ofensiva da equipe. Seguem ainda a armadora Lays, as pivôs Letícia Rodrigues e Maria Carolina e bons nomes da base, como Aninha e Stephany, convocadas pela seleção sub-18. E a curiosidade é grande para acompanhar como as novidades trazidas pela técnica Arilza se encaixarão no elenco: a dupla ex- Sorocaba Glenda e Milena, o retorno de Sassá e a chegada da ala Carol Ribeiro (boa jogadora que teve pouco espaço no Ituano).
O técnico João Camargo segue no comando do catarinense Blumenau e se cercou de nomes que passaram pelo projeto ao longo de sua existência, montando um elenco que também tem grande potencial e a cara do seu treinador. A armadora Cacá, as alas Leila Zabani e Mariana Camargo, a ala-pivô Vitória Marcelino e a pivô argentina Augustina Leiva devem formar o quinteto-base da equipe. Blumenau tem ainda a vantagem de um leque maior de opções, com a alas-pivôs Kawanni e Tati Castro, a ala Luana (ex-Ituano) e a armadora Giulia Kuck. Há ainda uma elogiável aposta em nomes da base, como Leticia Rechembak, Maria Eduarda,Vitoria Kons, Luana Nistche, Diana Souza e Luiza Rios. O time não terá, no entanto, seu maior destaque na disputa do último Estadual. A boa ala Letícia Senff está grávida e não disputará essa LBF.
A equipe do SESI Araraquara (SP) manteve todo o elenco que representou o clube na disputa do Paulista. Naquele torneio o time teve dificuldades de se encontrar atuando com uma equipe baixa e sem velocidade. O técnico Daniel Watfy continuará a comandar as armadoras Carla Lucchini, Bianca e Beatriz Aneas, as alas Tainá Paixão, Karen Gustavo, Sílvia Gustavo, Sossô, Izabela Andrade, Julia e Marianne Carvalho e as pivôs Juliana e Verônica Fiuza. No começo da competição ao menos esse entrosamento pode ser um ponto favorável ao clube. Com o transcorrer da competição, o time prevê dois refoços, que talvez tragam mais equilíbrio e solidez ao SESI.
A carioca Sodiê Doces/Mesquita/LSB faz uma transição nessa temporada, com maior aposta em jogadoras profissionais, contratações e encara uma mudança da capital para a cidade de Mesquita. Além da LBF, o time ainda será representante brasileiro na Liga Sul-Americana. O técnico Raphael Zaremba manteve o núcleo formado pela armadora Maria Luísa e pelas alas Carol França, Amanda, Rayanne, Juliana Ribeiro e Mayara. O poder de fogo da equipe, no entanto, dependerá das condições da ala Thayná, revelação da LBF 2018, da adaptação e do potencial das estrangeiras: a ala-pivô francesa Jessy e a armadora americana Marquita Daniels (University of South Alabama) e da força das jovens e talentosas pivô Lorena e Adrielly, que podem dar mais equilíbrio a uma equipe em geral baixa. O time ainda trouxe uma interessante trinca de reforços nacionais: a armadora Názinha (ex-Sorocaba), a ala Julia Schmauch e a ala-pivô Jennifer Sirtoli, que fez um bom Paulista por Catanduva.
A AEC/Tietê Agroidustrial/BAX Catanduva faz o seu aguardado retorno à LBF nessa temporada. Nos últimos anos, o time passou por mudanças no elenco e na comissão técnica e parecia ter chegado a um acerto no último Paulista, quando apresentou seu melhor basquete. No entanto, o time perdeu peças importantes desde então, como a armadora Larissa Carneiro e a ala-pivô Jennifer Sirtoli e acabou ainda não conseguindo confirmar contratos que haviam sido anunciados como o da experiente pivô Flávia Luísa e da ala Ana Paula Graciano. Assim, o time surge algo enfraquecido nesse recomeço, contando com as armadoras Natália Burian, Thaíssa Frediani e Beatriz, as alas Fernanda Sena, Mariana e Lauene e as pivôs Jennyf Moura, Nicolle Chirinda, Lis e Lorraine Milton. O comando segue com Cesamar Fernandes.
Eu termino esse texto desejando sorte às equipes na LBF e principalmente saúde às atletas, membros das comissões técnicas e árbitros que estarão envolvidos na disputa.
por Bert – Painel LBF
(07 de março de 2021)